Gilson com o
certificado do Ensino Fundamental. Ele que antes era analfabeto, pretende
concluir o Ensino Médio e posteriormente fazer o Curso Superior em
Administração.
Gilson da Silva, 38
anos, nasceu em 28 de outubro de 1974. Na infância cursou somente a primeira
série do Ensino Fundamental, pois morava em Águas de Chapecó. Quando iniciou
sua escolarização e logo após sua família mudou-se para o Paraná para cuidar de
uma fazenda e ele não teve mais oportunidade de estudar.
Ele ingressou no
sistema prisional em 2007. No ano de 2009 o CEJA em parceria com a Unidade
Prisional Avançada reativou a Educação Carcerária no município de São Miguel do
Oeste. Gilson então retomou seus estudos passando a cursar a Alfabetização. Ele
relata que sentia muita vergonha por não saber ler e escrever e no início foi
um pouco difícil, mas com apoio e incentivo da administração da unidade, do
CEJA e dos professores ele persistiu e logo estava alfabetizado.
Após concluir a
alfabetização ele iniciou a segunda etapa de sua escolarização correspondente
as Séries Finais do Ensino Fundamental. O CEJA através do Ensino por Oficinas
ofertava essa oportunidade na própria unidade prisional. Essa etapa foi cursada
em 2009, 2010, 2011 e 2012.
Ainda no ano de 2012
ele ingressou no Ensino Médio, também ofertado pelo CEJA na Unidade Prisional.
Já cursou uma disciplina e no momento está cursando mais duas. Revela que
pretende concluir o Ensino Médio para posteriormente fazer o Curso de
Administração e auxiliar a família que tem uma agroindústria de beneficiamento
de cana de açúcar.
Além de estudar Gilson
também é o responsável pelas refeições na Unidade Prisional e faz artesanato para suas despesas e da família,
pois é pai de 04 filhos, o menor com 03 anos de idade. Ele relata que antes,
quando era necessário fazer as listas de compras para a cozinha pedia para um
colega alfabetizado escrever e apresentava as listas para a administração, hoje
ele mesmo faz as listas.
Gilson incentiva a
todos os detentos e demais pessoas que ainda não concluíram seus estudos que
retornem e aproveitem essa oportunidade, pois segundo ele o conhecimento é algo
muito importante, estudar mudou sua vida, sua concepção de mundo e é algo que
levamos conosco para sempre.
Equipe com representantes da
GERED, CEJA e Unidade Prisional que participaram do momento da entrega do
certificado.
O reeducando recebeu o
diploma do “Ensino Fundamental” com muito orgulho. Participaram do ato de
entrega o representante da GERED , o Prof. Gisley Francisco Bareta- Supervisor de Ensino, Rosilene Demarco Sbeghen- diretora do CEJA, Janete Palú- Assistente
Técnica Pedagógica Dalva Lazaretti-, professora e Márcio Françosi- diretor da Unidade Prisional.
Segundo o diretor da
Unidade Prisional Márcio Françosi a história de Gilson serve como exemplo para
os demais detentos, pois da adversidade vivenciada pela privação de liberdade
ele teve uma oportunidade, a oportunidade de voltar a estudar, concluir o
Ensino Fundamental e buscar o Ensino Médio e Superior. Ele relata que as aulas
na Unidade Prisional representam para todos os detentos uma oportunidade. A
maioria dos presos gostam de frequentar as aulas e é perceptível a mudança nos
mesmos a partir do processo de escolarização.
Gilson com o diretor da Unidade
Prisional Márcio Françosi.
A Educação Carcerária e
a aprendizagem na prisão por meio de diferentes programas de escolarização são
um importante instrumento de mudança, para instrumentalização do reeducando
contribuindo na sua reinserção social e para a melhoria de sua qualidade de vida
após a libertação.
O Ensino nas Prisões em
Santa Catarina é coordenado pela GEREJ- Gerência de Educação de Jovens e
Adultos por meio dos CEJAS- Centros de Educação de Jovens e Adultos. Sua
efetivação é resultado da parceria entre os órgãos envolvidos: CEJAS e Unidades
Prisionais. O CEJA cede os professores e o material didático pedagógico, bem
como realiza a certificação dos reeducandos. Já a Unidade Prisional
disponibiliza o espaço físico e as condições de segurança necessárias para a
realização das aulas.
Em São Miguel do Oeste
a Educação Carcerária foi reativada em 2009. Atualmente estão em funcionamento
04 turmas, duas de Ensino Fundamental e duas de Ensino Médio. Cerca de 20
reeducandos estão tendo a oportunidade de estudar enquanto privados de liberdade.
A Educação Carcerária
percebe na educação um direito de cidadania e também um componente fundamental
para o processo de sua reintegração do reeducando à sociedade.
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